quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Percepção e Cérebro

"O cérebro é um orgão extraordinariamente complexo, que consiste em vários segmentos diferentes. Os mais importantes para a visão e audição incluem o bolbo raquidiano, a medula oblongata, o cerebelo, o tálamo e o córtex. Ao nascimento, o cérebro tem aproximadamente um trilião de células. Um terço destas pode ter morrido aos 19 anos. No entanto, cada célula forma tantas ligações com outras células cerebrais, que a perda de algumas não constitui uma grande diferença para as funções cerebrais. Podemos dissecar o esquema de uma célula nervosa.
Na maioria dos seres humanos, um dos hemisférios do cérebro (normalmente o esquerdo) domina sobre o outro, tornando a pessoa dextra ou esquerdina. Uma vez que a maioria das pessoas são dextras, muitos objectos e actividades estão balanceados a seu favor. É importante para um criador multimédia tentar evitar a discriminação contra esquerdinos.
A localização precisa de certas actividades no cérebro é bastante difícil de verificar, dependendo de casos de danos cerebrais ou medidas indirectas como o fluxo sanguíneo. É conhecido que a percepção e processamento da fala é conseguida no hemisfério esquerdo. A percepção musical parece menos localizada, com algumas funções feitas à direita e outras à esquerda.
O processamento visual também não é totalmente localizado. Muito do processamento preliminar acontece no córtex visual. As imagens são então armazenadas e (possivelmente) comparadas no "hipocampus". O local onde são profundamente apreendidas é ainda desconhecido.
O estudo da percepção é bastante complexo e pode ser aproximado por diversas formas: em termos do ambiente, dos estímulos, superfícies sensoriais e neurões periféricos, das respostas do cérebro e várias respostas motoras. Mais recentemente, utilizando computadores e inteligência artificial como modelo, um número de novas aproximações têm sido empregues para descrever modelos de percepção. As ilusões ópticas e auditivas são aspectos interessantes do comportamento cerebral, mas confundem os analistas. Em última análise, a explicação e entendimento destas ilusões pode explicar mais acerca das formas como o cérebro funciona."

Aqui ficam algumas ilusões:



                       




            


 















EXPERIMENTA!



Redigido por: Ana Chapa


domingo, 12 de dezembro de 2010

Diversidade Cultural

 A diversidade cultural é traduzida basicamente em formas distintas de estar, de pensar, de ser, de nos comportarmos, crenças, costumes, normas e valores distintos.
Analisemos um caso onde se verifica claramente as diferenças culturais.




Mulher Europeia
 vs 
Mulher de outra Cultura





A mulher Europeia é claramente aquilo que hoje em dia se designa de mulher moderna.
Administra a casa, vai buscar os filhos à escola, assegura-se de que está tudo bem com a família e também acha que tem tempo para "namorar" o marido.
Mas acima de tudo tem como objectivo nunca descuidar a sua carreira.
A mulher Europeia, ou seja a mulher moderna, ainda consegue reservar um tempinho na sua agenda para praticar exercício, cuidar da pele, sair com as amigas e ir ao cabeleireiro.
O "sinónimo" deste tipo de mulher é claramente a independência.


A mulher de outra Cultura é resultado de transformações intensas da sociedade.
A mulher foi associada à maternidade e à família, desempenhando uma função especifica à parte do mundo masculino.
Na cultura Indiana é considera que a mulher ideal não sai á noite, não bebe álcool e não fuma, não veste roupas justas, não usa decotes, não namora e não refila, é obediente, dedicada à família e não sai de casa à noite sozinha e acima de tudo é submissa ao seu marido.
Estas mulheres não se revoltam, pois tanto os homens como as mulheres acreditam que existem diferenças sociais intrínsecas entre os sexos e que cada um tem o seu lugar na sociedade, cuja imagem é transmitida de pais para filhos e a imagem da mãe é um sinónimo de mulher.
Aos olhos destas mulheres a mulher que é independente viaja sozinha, bebe cerveja e usa bikini é a imagem da mulher indecente.

O único facto que as une é ambas serem mulheres, elas diferem de costumes, comportamentos, crenças e valores.
A Europa atravessa um momento decadente em valores morais, onde álcool, sexo e drogas são o pão nosso de cada dia, onde os divórcios superam os casamentos, onde as religiões estão a perder a chama, onde o consumismo, a ganância e o egoísmo se apoderam das mentes das pessoas... Por exemplo,  os indianos têm medo que a Índia siga este destino e então procuram afastar as suas filhas desse caminho, pois o caminho da mulher moderna está-se a tornar realmente "decadente".
Jamais será possível a mulher europeia e a ocidental inverterem os seus papéis, a cada uma foi incutida a sua cultura e seguem ambas padrões culturais que em nada se assemelham.
Ambas as culturas devem ser respeitadas, pois o mundo é feito de diversidade tanto Humana Cultural.





Redigido por: Rita Sádio

domingo, 21 de novembro de 2010

"A Criança Selvagem"

As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum. Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas.
Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas  entre os humanos.

O fascinio pelas crianças privadas de contacto com a sociedade humana pode ser explicado pelo contexto social da época.
Lucien Malson escreveu o livro: “ A Criança Selvagem” apresenta vários casos de crianças que sobreviveram a um isolamento extremo e tentativas de descrever as consequencias da sua adaptação à sociedade humana.
A escritora tem como principal objectivo destacar as bases fundamentalmente do que faz a natureza humana e a cultura.

Alguns casos de “crianças selvagens”:
"menino-carneiro" da Irlanda em 1692:
Era um jovem de 16 anos que se tinha perdido dos pais. Cresceu entre as ovelhas e os carneiros selvagens da Irlanda e adquiriu um tipo de 'natureza ovina'.
Tinha movimentos rápidos, ágil com os pés, expressão fisionômica bravia, carnes firmes, pele queimada, trigueira, pernas e braços rígidos, destemido e destituído de qualquer delicadeza.
A saúde era excelente. Não conhecia a voz humana; emitia balidos, como as ovelhas. Sua garganta era larga e a língua parecia presa no palato. Recusava alimentos comuns; estava acostumado a comer gramíneas e feno. Viveu em montanhas e lugares desertos, como cavernas, locais distantes de qualquer centro de civilização. Os caçadores que o encontraram disseram que ele parecia um animal e não um ser humano.
Obrigado a viver como gente, contrariado e somente depois de muito tempo ele começou a perder as suas características selvagens.

John, de Uganda:
Este menino foi encontrado em 1991. Ficou doente quando comeu alimento cozido pela primeira vez. Era muito cabeludo e apresentava muitas feridas, cicatrizes e calosidades. Um cidadão indentificou o garoto como John Sesebunya, cujo pai, depois de assassinar a mulher, desapareceu. O garoto tinha três anos na época e fugiu para a floresta onde foi adoptado pelos macacos que lhe ofereceram raízes e amêndoas. John foi estudado por especialistas que diagnosticaram nele um caso genuíno de "criança selvagem".


Natasha da Sibéria:
O caso mais recente de todos é o de Natasha uma menina da Sibéria.

Foi trancada num quarto com gatos e cães saudáveis. A menina comportava-se como um cão, lambia, pulava e latia para comunicar.

Um dos maiores e mais conhecidos exemplos de "criança selvagem" é Victor, a partir do qual foi realizado um filme:



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O documentário "Lisboetas"

Durante cerca duas aulas de Psicologia procedemos ao visionamento do filme: "Lisboetas" e debatemos alguns episódios no âmbito do tema "Aculturação".
Ficha técnica:
Realização: Sérgio Tréfaut
Imagem: João Ribeiro
Montagem: Pedro Marques
Som: Olivier Blanc
Produção: Faux-Sérgio Tréfaut
Misturas de Som: Tiago Matos
Formato de rodagem: video digital (DVCAM)
Telerecording 35mm: Tobis Portuguesa
Financiamento: ICAM/MC
Difusores TV: WDR-ARTE (Alemanha e França) YEL (Finlândia)
Duração: 100 min (Cinema)
2004- Portugal

Sinopse:
Lisboetas é um documentário politico sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal.
Lisboetas é o retrato de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível.
Lisboetas é um filme que rejeita o habitual tratamento jornalístico e aborda a experiência humana dos imigrantes da grande Lisboa de um ponto de vista cinematográfico.
Lisboetas é uma janela aberta sobre novas realidades: modos de vida, mercado de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades. é uma viagem a uma cidade desconhecida, a lugares onde nunca fomos e que estão aqui.
Lisboetas é um retrato por dentro. A palavra é dada aos recém chegados. Talvez por isso, como escreveu a critica do "Publico" Kathleen Gomes, "os estrangeiros aqui somos nós".
Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto- por que é difícil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar.

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Lisboetas é um documentário sobre a vaga de imigração, centrado particularmente nos imigrantes do leste europeu, que nos últimos anos mudou Portugal.
Mostra a criação de novas realidades: modos de vida, direitos, cultos religiosos e até mesmo de identidades.
Ao longo de todo o documentário são apresentadas as várias dificuldades que os imigrantes têm em Portugal, desde o processo de legalização no país, serviço de estrangeiros e fronteiras, até à última situação que é a igreja nigeriana onde o pastor da igreja fala das condições do imigrantes através da Bíblia.
Com o visionamento do documentário surgiram várias leituras e conclusões pessoais sobre situações exactas.
Foi referida a primeira situação, serviço de estrangeiros e fronteiras, onde se pôde observar claramente a dificuldade do imigrante em comunicar e em perceber a mensagem que lhe estava a ser transmitida.
No campo grande os empreiteiros de construção civil vão há procura de mão de obra barata onde é de lamentar alguém ganhar 25 euros por trabalhar 12 horas e por vezes até recebem menos do que esse valor.
Foi frisado um episódio em que ia uma senhora sozinha num autocarro e ao seu lado ia uma menina encostada no ombro de alguém, este episódio revela um pouco a solidão sentida pelo imigrante ao estar num país onde não conhece nada nem ninguém e se encontra completamente sozinho sem um ombro amigo.
"As pessoas que deixam o seu país para vir para Portugal não imaginam o que os espera", diz claramente um imigrante.
O caso da imigração de leste é especial, pois são pessoas qualificadas, como engenheiros e médicos que chegam a Portugal e ficam a trabalhar nas obras como sendo pessoas sem estudos o que para o imigrante acaba por ser desmotivante, muitos acabam por se tornar dependentes de vícios como é o caso do senhor apresentado no episódio, Médicos no Mundo, acabando por ficar com piores condições de vida do que quando havia chegado a Portugal.
Também foi dada especial atenção ao episódio do telefonema na praia onde o tema de conversa era o ensino em Portugal que era caracterizado como muito fraco.
Por fim afasta-mo-nos um pouco do tema do documentário e abordamos a existência de certas comunidades no nosso país que por vezes são mais beneficiadas do que o próprio Português.
Com o visionamento do documentário é possível verificar o quão importante é todo o processo de aculturação, o contacto com os outros modelos de cultura, a assimilação de hábitos das diferentes sociedades e as mudanças culturais para todo o imigrante.

Redigido por: Rita Sádio


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

António Damásio lança «O livro da Consciência»

Este livro foi colocado à venda em Portugal no dia 23 de Setembro de 2010.
O seu autor é António Damásio, um neurocientista que estuda a mente e o cérebro humano há mais de 30 anos, é autor de uma vasta obra de livros como "O erro de Decartes" e "Ao encontro de Espinosa" e artigos científicos.
É dito na contracapa do livro que António Damásio formulou o livro como um recomeço, quando a reflexão sobre descobertas importantes da investigação, recentes e antigas, alterou profundamente o seu ponto de vista em duas questões particulares: a origem e a natureza dos sentimentos, e os mecanismos por detrás do eu. 


As grandes questões são:
Como é que o cérebro constrói uma mente?
E como é que o cérebro torna essa mente consciente? 
Qual a estrutura necessária ao cérebro humano e qual a forma como tem de funcionar para que surjam mentes conscientes?

E nós questionamos: se algumas vez será possível o Homem descobrir a 100% tudo o que o cérebro e a mente escondem.
Nós queremos sempre saber mais e mais e quando pensamos que já descobrimos tudo existe sempre algo que nos falha.



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Psicologia Hospitalar - Humanização da Saúde



(Video retirado do youtube.)

Este video contém excertos de filmes relacionados com a atitude dos médicos perante os seus pacientes e onde é importante a intervenção da psicologia clínica.
O psicólogo clínico actua em conjunto com a equipa médica e a sua única prioridade é o paciente e o seu familiar.
O discurso médico normalmente exclui a subjectividade do paciente, há que ver o lado emocional do doente, não ser insensível e expor a situação clinica do paciente de uma forma cada vez mais cuidada quanto maior for o grau da sua gravidade.
O psicólogo clínico também tem o papel de ajudar os médicos a reflectir sobre diversas questões, como ajudar o paciente e a sua família a aceitar situações como doenças em fase terminal ou até mesmo morte.
Os médicos são alvo de uma grande carga horária, o que faz com que se acumule muito stress, por vezes também sofrem choques por não saberem lidar com o paciente, ou seja o comportamento profissional reflecte directamente as emoções humanas dos indivíduos que compões a equipa médica.
Hoje em dia a maioria dos médicos optam pela indiferença perante os seus pacientes, não se gostam de envolver demasiado emocionalmente, agem de uma forma fria, como uma táctica de auto-defesa.
Alguém ouvir que o seu diagnóstico é: "A única solução é a amputação!" ou "Restam-lhe três semanas de vida!" , dito com uma expressão de indiferença é algo que afecta qualquer um psicologicamente e que se não for aceite com uma certa calma pode desencadear novos problemas a nível psicológico.
O psicólogo é fundamental, a sua presença ajuda ambas as partes, tanto o médico como o paciente, ele ajuda a equipa médica a criar uma harmonia, adquirida através do diálogo e tolerância, a fim de promover bem estar ao paciente a nível físico e psicológico.
As citações mais importantes do video são: "Cultivem amizades com essas pessoas incríveis, as enfermeiras." e  "A missão de o médio não deve ser apenas a de evitar a morte, mas melhorar a qualidade de vida (...) tratando o individuo garanto que vão ganhar, independentemente do desfecho."

A psicologia clínica vai muito além de um simples trabalho, é o lidar com a complexidade do ser humano nas mais distintas emoções.



Redigido por: Rita Sádio

sábado, 9 de outubro de 2010

Expresso:"Gravidez influencia saúde futura dos bebés"

A seguinte noticia sobre "Gravidez influencia saúde futura dos bebés" está disponível na página com o seguinte link: 
http://aeiou.expresso.pt/gravidez-influencia-saude-futura-dos-bebes=f607596



Gravidez influência saúde futura dos bebés


O que se passa durante a
 gravidez é mais determinante para a saúde futura dos fetos do que se imaginava até agora. Pelo menos esta é a conclusão de um livro recém-lançado nos Estados Unidos.


Diabetes infantil, obesidade na adolescência, depressão crónica e doenças cardíacas poderão ter raízes em comum. De acordo com Annie Murphy Paul, autora do explosivo "Origins: how the nine months before birth shape the rest of our lives", tudo pode passar pelo comportamento materno durante a gravidez.


A veterana escritora de livros científicos conseguiu, com esta obra, levantar polémica e atrair a atenção dos media. Além do "New York Times" e da "Time", o blogue "Salon" já deu grande espaço ao novo livro.

Entre as afirmações mais contundentes, Annie Maurphy Paul - que estava grávida do seu segundo filho enquanto escrevia o livro - diz que as mulheres que estavam próximas das Torres Gémeas durante os ataques de 11 de Setembro de 2001 desenvolverem desordens de stress pós-traumático, dando a luz a bebés baixos níveis de cortisol, a hormona que regula o stress. E, mulheres deprimidas durante a gravidez têm tendência a dar a luz a prematuros e bebés de baixo peso.

Estes exemplos estão a reforçar a compreensão de que, embora o código genético de uma pessoa determine as balizas do seu desenvolvimento, as condições da gravidez refinam e acentuam as tendências já presentes. Ou seja, a forma como os genes se expressam e o ambiente em que se desenvolvem também terão consequências determinantes na vida futura de uma pessoa.

Assim, alguns conselhos podem ficar: comer chocolate ajuda a ter bebés mais felizes, comer peixe rico em ómega 3 e com baixo teor de mercúrio dá origem a crianças mais espertas, reduzidos níveis de stress ajudam a ter uma vida mais longa. Pelo menos, é o que recomenda Annie Murphy Paul.


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Segundo este artigo do expresso achamos que este livro fala de algo importante, a ligação entre a mãe e o feto.
Por exemplo:
-se uma mãe tem pouco  alimento para ingerir durante a gravidez, o feto parece adaptar o seu metabolismo para um mundo de escassez.
-> Se uma mulher grávida é exposta a perigo de corrida coração constante, o bebê vai desenvolver a capacidade de ser altamente reactivos a ameaças potenciais, enquanto as quantidades normais de stress durante a gravidez ajudam a preparar o bebê para quantidades normais do stress no mundo.
Assim se pode concluir a importância do código genético e da Herditariedade, durante a gravidez é importante as mães terem muitos cuidados pois têm algo dentro de si e ligado a si que é afectado ou beneficiado pelas suas acções e acontecimentos a que são expostas no seu quotidiano.

domingo, 26 de setembro de 2010

"A Vida Não Se Aprende nos Livros"

Duarte Sá- Psicólogo

"A Vida Não Se Aprende nos Livros" é um manual de auto-ajuda para crianças, adolescentes e adultos.


As pessoas crescem a ritmos diferentes e em direcções que as desencontram.
Este conjunto de textos do psicólogo Eduardo Sá ajuda-nos a perceber o nosso próprio processo de evolução. Perpassando as várias fases do crescimento, de recém-nascidos a adultos supostamente responsáveis, o autor explica-nos o nosso comportamento através da nossa relação quotidiana com as coisas aparentemente simples da vida.

sábado, 25 de setembro de 2010

Expresso: "Crianças portuguesas cada vez menos autónomas"

A seguinte noticia sobre "Crianças portuguesas cada vez menos autónomas" está disponível na página com o seguinte link: 
http://aeiou.expresso.pt/criancas-portuguesas-cada-vez-menos-autonomas=f604616.


Crianças portuguesas cada vez menos autónomas

A falta de tempo e espaço faz com que os mais novos sejam hoje menos livres, defende o presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Faz amanhã duas décadas que Portugal ratificou a Convenção sobre os Direitos das Crianças

As crianças portuguesas são cada vez menos livres e menos autónomas, mas capazes de comandar a família, defende a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) , lamentando a falta de tempo e espaço para os mais novos de hoje brincarem.
O presidente da SPP assume a dificuldade em falar do estado da infância em Portugal pela disparidade de realidades, mas considera que a sociedade atual é feita de "adultos egoístas e infantilizados e de crianças sabidas".
"O pequeno ditador saiu dos livros para a realidade, hiperativo e desatento, decidindo os consumos da família, inundado em calorias, com televisão no quarto e 'playstation move' na sala, uma das únicas oportunidades de atividade física", comenta Luís Januário à agência Lusa.
Duas décadas depois de Portugal ter ratificado a Convenção sobre os Direitos da Criança, data que se assinala amanhã, o pediatra retrata as cidades portuguesas como um obstáculo às brincadeiras na infância.

Cidades perigosas


"As cidades foram bombardeadas pela união nacional dos autarcas e dos empreiteiros que liquidaram os quintais, as matas, os olivais, os pinhais, as praças e os terreiros. As ruas e as passadeiras são perigosas e os passeios estão destruídos ou transformados em parque automóvel", descreve.

Também o conceito de tempo livre tem sofrido transformações, com a redução dos períodos para brincar e sem que as crianças sejam ouvidas.
Também a psicóloga clínica Lara Constante vê a "demasiada estruturação dos tempos livres das crianças" como uma diferença marcante em relação há 20 anos.
"A maior parte das crianças que acompanho tem um horário muito sobrecarregado de atividades, algumas sem um único dia verdadeiramente livre, em que possam brincar como entendam, criar, desenvolver-se", conta.

Falta de criatividade


Mesmo os tempos fora da escola são demasiado estruturados. Fica assim a faltar criatividade nas brincadeiras e capacidade para inventar o que se faz no tempo livre.


"As crianças tornaram-se também mais dependentes, mesmo nas brincadeiras.
Têm mais dificuldade em relacionar-se socialmente e em verbalizar os afetos", acrescenta a psicóloga infantil.
Há 20 anos, a vida familiar era diferente e havia uma comunidade próxima mais disponível para ajudar a ir educando as crianças.


Culpabilização pela falta de tempo

Actualmente, a sobrecarga profissional dos pais e de muitos avós fá-los ceder mais facilmente à imposição dos filhos, enquanto a culpabilização pela falta de tempo é trocada por presentes: "Nota-se uma grande dificuldade em estabelecer uma sintonia entre mimo versus regras".
Contudo, em duas décadas a criança beneficiou também da evolução da sociedade.
"O ensino pré-escolar é frequentado por um número cada vez maior de crianças. Entrar numa escola aos três anos traz muitos benefícios, até porque é a altura em que se começa a desenvolver o relacionamento social", refere Lara Constante.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1990/91 a educação pré-escolar não obrigatória abrangia cerca de metade das crianças entre os três e os cinco anos, enquanto em 2007/2008 já cobria 80%.


Diferentes realidades

Luís Januário alerta porém que há pouco de comum entre uma criança de um colégio privado no Porto ou Lisboa e outra cuja escola encerrou numa aldeia em Lamego.
"Há pouco em comum entre uma das 10 mil crianças institucionalizadas e uma outra vivendo com uma família que a estima. Entre uma criança com os pais desempregados e outra com pais economicamente estáveis. Entre um filho de emigrantes de uma minoria linguística e outro cujos pais escrevem em português segundo o novo acordo ortográfico.
Entre uma criança negligenciada ou maltratada e outra que é acarinhada", exemplifica.

Os psicólogos falam em demasiada estruturação do tempo livre das crianças