domingo, 21 de novembro de 2010

"A Criança Selvagem"

As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum. Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas.
Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas  entre os humanos.

O fascinio pelas crianças privadas de contacto com a sociedade humana pode ser explicado pelo contexto social da época.
Lucien Malson escreveu o livro: “ A Criança Selvagem” apresenta vários casos de crianças que sobreviveram a um isolamento extremo e tentativas de descrever as consequencias da sua adaptação à sociedade humana.
A escritora tem como principal objectivo destacar as bases fundamentalmente do que faz a natureza humana e a cultura.

Alguns casos de “crianças selvagens”:
"menino-carneiro" da Irlanda em 1692:
Era um jovem de 16 anos que se tinha perdido dos pais. Cresceu entre as ovelhas e os carneiros selvagens da Irlanda e adquiriu um tipo de 'natureza ovina'.
Tinha movimentos rápidos, ágil com os pés, expressão fisionômica bravia, carnes firmes, pele queimada, trigueira, pernas e braços rígidos, destemido e destituído de qualquer delicadeza.
A saúde era excelente. Não conhecia a voz humana; emitia balidos, como as ovelhas. Sua garganta era larga e a língua parecia presa no palato. Recusava alimentos comuns; estava acostumado a comer gramíneas e feno. Viveu em montanhas e lugares desertos, como cavernas, locais distantes de qualquer centro de civilização. Os caçadores que o encontraram disseram que ele parecia um animal e não um ser humano.
Obrigado a viver como gente, contrariado e somente depois de muito tempo ele começou a perder as suas características selvagens.

John, de Uganda:
Este menino foi encontrado em 1991. Ficou doente quando comeu alimento cozido pela primeira vez. Era muito cabeludo e apresentava muitas feridas, cicatrizes e calosidades. Um cidadão indentificou o garoto como John Sesebunya, cujo pai, depois de assassinar a mulher, desapareceu. O garoto tinha três anos na época e fugiu para a floresta onde foi adoptado pelos macacos que lhe ofereceram raízes e amêndoas. John foi estudado por especialistas que diagnosticaram nele um caso genuíno de "criança selvagem".


Natasha da Sibéria:
O caso mais recente de todos é o de Natasha uma menina da Sibéria.

Foi trancada num quarto com gatos e cães saudáveis. A menina comportava-se como um cão, lambia, pulava e latia para comunicar.

Um dos maiores e mais conhecidos exemplos de "criança selvagem" é Victor, a partir do qual foi realizado um filme:



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O documentário "Lisboetas"

Durante cerca duas aulas de Psicologia procedemos ao visionamento do filme: "Lisboetas" e debatemos alguns episódios no âmbito do tema "Aculturação".
Ficha técnica:
Realização: Sérgio Tréfaut
Imagem: João Ribeiro
Montagem: Pedro Marques
Som: Olivier Blanc
Produção: Faux-Sérgio Tréfaut
Misturas de Som: Tiago Matos
Formato de rodagem: video digital (DVCAM)
Telerecording 35mm: Tobis Portuguesa
Financiamento: ICAM/MC
Difusores TV: WDR-ARTE (Alemanha e França) YEL (Finlândia)
Duração: 100 min (Cinema)
2004- Portugal

Sinopse:
Lisboetas é um documentário politico sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal.
Lisboetas é o retrato de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível.
Lisboetas é um filme que rejeita o habitual tratamento jornalístico e aborda a experiência humana dos imigrantes da grande Lisboa de um ponto de vista cinematográfico.
Lisboetas é uma janela aberta sobre novas realidades: modos de vida, mercado de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades. é uma viagem a uma cidade desconhecida, a lugares onde nunca fomos e que estão aqui.
Lisboetas é um retrato por dentro. A palavra é dada aos recém chegados. Talvez por isso, como escreveu a critica do "Publico" Kathleen Gomes, "os estrangeiros aqui somos nós".
Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto- por que é difícil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar.

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Lisboetas é um documentário sobre a vaga de imigração, centrado particularmente nos imigrantes do leste europeu, que nos últimos anos mudou Portugal.
Mostra a criação de novas realidades: modos de vida, direitos, cultos religiosos e até mesmo de identidades.
Ao longo de todo o documentário são apresentadas as várias dificuldades que os imigrantes têm em Portugal, desde o processo de legalização no país, serviço de estrangeiros e fronteiras, até à última situação que é a igreja nigeriana onde o pastor da igreja fala das condições do imigrantes através da Bíblia.
Com o visionamento do documentário surgiram várias leituras e conclusões pessoais sobre situações exactas.
Foi referida a primeira situação, serviço de estrangeiros e fronteiras, onde se pôde observar claramente a dificuldade do imigrante em comunicar e em perceber a mensagem que lhe estava a ser transmitida.
No campo grande os empreiteiros de construção civil vão há procura de mão de obra barata onde é de lamentar alguém ganhar 25 euros por trabalhar 12 horas e por vezes até recebem menos do que esse valor.
Foi frisado um episódio em que ia uma senhora sozinha num autocarro e ao seu lado ia uma menina encostada no ombro de alguém, este episódio revela um pouco a solidão sentida pelo imigrante ao estar num país onde não conhece nada nem ninguém e se encontra completamente sozinho sem um ombro amigo.
"As pessoas que deixam o seu país para vir para Portugal não imaginam o que os espera", diz claramente um imigrante.
O caso da imigração de leste é especial, pois são pessoas qualificadas, como engenheiros e médicos que chegam a Portugal e ficam a trabalhar nas obras como sendo pessoas sem estudos o que para o imigrante acaba por ser desmotivante, muitos acabam por se tornar dependentes de vícios como é o caso do senhor apresentado no episódio, Médicos no Mundo, acabando por ficar com piores condições de vida do que quando havia chegado a Portugal.
Também foi dada especial atenção ao episódio do telefonema na praia onde o tema de conversa era o ensino em Portugal que era caracterizado como muito fraco.
Por fim afasta-mo-nos um pouco do tema do documentário e abordamos a existência de certas comunidades no nosso país que por vezes são mais beneficiadas do que o próprio Português.
Com o visionamento do documentário é possível verificar o quão importante é todo o processo de aculturação, o contacto com os outros modelos de cultura, a assimilação de hábitos das diferentes sociedades e as mudanças culturais para todo o imigrante.

Redigido por: Rita Sádio